A Escola de Música de Esposende, criada em 1987, por deliberação da Câmara Municipal de Esposende, teve na sua génese uma necessidade sentida no nosso concelho, para dar resposta a alunos dotados de vocação para a aprendizagem deste ensino artístico, mas que, por falta de recursos financeiros, não podiam satisfazer o seu desejo e intenção, pois, para o efeito, teriam de se deslocar para outros concelhos, o que implicava custos ou despesas cujas famílias não conseguiam suportar, por questões de opção orçamental. Com efeito, no concelho de Esposende, nessa altura, já havia munícipes licenciados na área da Música, havia outros que estavam a estudar em Escolas, Conservatórios ou Academias, em Viana do Castelo, Braga, Porto e outras localidades, sendo que um ou outro até já estava a prosseguir estudos neste domínio no estrangeiro, mas muitos outros, não o podiam fazer.

Entretanto, periódica e ocasionalmente, um conjunto de professores esposendenses encontravam-se para falar de assuntos de interesse local, regional e nacional, sendo que a temática concelhia estava quase sempre presente. De entre eles, havia professores da disciplina de Educação Musical ou Música, mas também da área das letras e das ciências, nomeadamente Macau Filipe, Cardoso Soares, António Alexandre Ribeiro, Lino Rei, Albino Neiva, Américo Martins, Quintino Marques, António Nogueira e outros, sendo que, em certos encontros vinha à baila a falta que uma Escola de Música estava a fazer sentir-se em Esposende. Constatando-se que este tema tinha “pernas para andar”, estes esposendenses foram-se encontrando para dar forma à ideia de se criar a dita Escola, que, para se concretizar, seria preciso o empenho e a participação da Autarquia. Então, aproveitando a coincidência e feliz oportunidade de o professor António Nogueira ter sido eleito em dezembro de 1985 para integrar o Executivo Municipal, para o mandato de 1985/1989, o grupo, natural e propositadamente, transferiu para este elemento a incumbência de ser ele, uma vez investido das funções de gestor autárquico, a sensibilizar a Câmara Municipal a criar a Escola de Música de Esposende.

Embora eleito em dezembro de 1985, o professor António Nogueira, por razões profissionais, somente veio a assumir funções em junho de 1986. Uma vez investido no cargo e na qualidade de porta-voz dos membros do grupo, diligenciou procedimentos junto dos restantes membros do Executivo para que a Câmara Municipal de Esposende criasse condições para que a Escola de Música de Esposende fosse uma realidade no concelho. E foi na sequência do diálogo e reflexão que foi estabelecendo com os seus pares da gestão autárquica de então, Laurentina Torres, que presidia, Pedro Marques, José Armando Carvalho, Manuel Ribeiro, Alberto Figueiredo e Fernando Cepa, que António Nogueira apresentou, formalmente, uma proposta, que foi presente na reunião de Câmara em 7 de agosto de 1986, com vista à implementação da referida Escola, na então ainda vila de Esposende, e na qual dava contas ao Executivo das diligências já feitas para o efeito, nomeadamente quanto ao espaço onde deveria funcionar, na Escola Secundária de Esposende, à elaboração de um protocolo tripartido, entre a Câmara Municipal de Esposende e a Direção da referida Escola, com a anuência do Ministério da Educação, para a cedência de instalações, bem como a necessidade da elaboração do Regulamento da Escola de Música. Analisada a proposta pelos membros o Executivo, a Câmara Municipal deliberou, por unanimidade, dar todo o seu apoio à iniciativa nomeando, para o efeito, uma Comissão Instaladora, constituída pelo Vereador António Nogueira, que, segundo o regulamento, era o Presidente, e pelos Drs. Cardoso Soares e Manuel Maria Costa, a qual teria como prioridade a abertura de inscrições, elaboração do regulamento, regime de contratação de professores e proposta de protocolo de cedência de instalações e outras ações consideradas indispensáveis à implementação da Escola, com início a partir de outubro de 1986. Entretanto, na reunião da Câmara Municipal de 11 de setembro 1986, foi presente o Regulamento para funcionamento da Escola de Música de Esposende, com o teor do qual o Executivo concordou, por unanimidade, tendo deliberado enviá-lo para a Assembleia Municipal para aprovação, o que aconteceu.

De entre outras prerrogativas, o referido regulamento previa e estabelecia que para o ano letivo 1986/1987 fossem iniciadas as seguintes atividades: Iniciação e Propedêutica da Educação Musical; Educação Musical; Piano; Violino; Guitarra e Flauta. Registe-se que, conforme constava do Regulamento, a Câmara Municipal de Esposende comprometeu-se a adquirir todo o equipamento indispensável ao início da Escola de Música de Esposende, designadamente dois pianos, um violino, uma guitarra e uma flauta. Entretanto, por imposição do Secretário de Estado da Administração Escolar da altura, o Dr. Cardoso Soares teve que deixar o seu cargo de vogal da Comissão Instaladora, o que aconteceu também por sua vontade expressa, sendo substituído pelo Dr. Manuel Albino Macau Miranda Filipe, que haveria de ser também o primeiro Diretor Pedagógico da Escola de Música de Esposende, por proposta apresentada pelo Vereador António Nogueira, na reunião de Câmara de 8 de janeiro de 1987, proposta de alteração da composição da aludida Comissão, que foi aprovada por unanimidade. E, a propósito, refira-se que o Secretário de Estado fundamentava a sua imposição por considerar que, uma vez que o Dr. Cardoso Soares já exercia funções noutra entidade similar, a sua integração na Escola de Música de Esposende resultava numa incompatibilidade funcional, pelo que o Dr. Cardoso Soares ficou impedido de exercer funções na Escola de Música de Esposende, facto que não o afastou, pois foi sempre um amigo e impulsionador do projeto.

Entretanto, com a Escola já em plena atividade, na reunião do Executivo Municipal de 30 de janeiro de 1987, foi presente uma proposta pelo Vereador António Nogueira, também aprovada por unanimidade, no sentido de a Câmara Municipal autorizar o pagamento das despesas relativas à implementação e funcionamento da Escola de Música. Por mera curiosidade, diga-se que, nessa proposta, constava a informação de que cada professor receberia por hora de trabalho 900$00 (novecentos escudos) hoje equivalente a 4,50€, sensivelmente, e os professores que se deslocassem do Porto ou de Braga recebiam um subsídio de transporte de 1.200$00 (mil e duzentos escudos) hoje equiparado a 6,00€, por cada deslocação, e um professo que se deslocava de Belino recebia, de subsídio de transporte, 200$00 (duzentos escudos) atualmente o equivalente a 1,00€.

Não se sabendo ao certo o primeiro dia ou dia de abertura das aulas na Escola de Música de Esposende, embora tudo apontando para o início do segundo período do ano letivo 1986/1987, todavia, sabe-se que, para além das aulas teóricas de Iniciação à Educação Musical e de Educação Musical, logo no arranque começaram aulas de piano, de violino, de guitarra clássica, de flauta de bisel e transversal e, pouco tempo após a entrada em funcionamento, as de violoncelo, sendo diretor Pedagógico o professor Macau Filipe. Os primeiros professores, de entre outros, das aulas teóricas foram Albino Neiva, Américo Martins, Macau Filipe, António Ribeiro, Lino Rei e Quintino Marques. Quanto às aulas de piano, os primeiros docentes foram Albino Neiva, Américo Martins e António Ribeiro. Relativamente aos restantes instrumentos, os primeiros professores da Escola foram, na iniciação ao violino e em violino, Macau Filipe; em guitarra clássica, Mário Adélio; em flauta de bisel e falta transversal, João Marinho. Os atrás citados foram os professores da fundação da Escola de Música de Esposende. E foi com alguns deles que, uns tempos depois, se criaram a Orquestra de Câmara da Escola de Música de Esposende, sob a direção de Macau Filipe; o Coro dos Pequenos Cantores da Escola de Música de Esposende, sob a direção de António Ribeiro; o Grupo “Instrumental ORFF”, dirigido por Lino Rei. Mais tarde, criaram-se cursos livres em Guitarra, com Mário Adélio; em instrumentos de sopro (trompete e clarinete), com Quintino Marques; e Formação Musical e violino (adultos), com Macau Filipe.
Após o primeiro ano de funcionamento e em virtude do sucesso alcançado, foram sucessivamente desenvolvidas outras áreas e contratados novos professores, como Conceição Bicho: Iniciação Musical, Iniciação ao Piano e Formação Musical; João Marques: Iniciação ao Piano e Piano; Fátima Abreu, Fátima Morgado e Karin Figueiredo e, Cláudia Azevedo, para ensinarem piano, e Lúcia Morim, para flauta transversal. A Classe de violoncelo, que foi criada no 2º ano de existência da Orquestra de Câmara, foi orientada por Joaquim Jorge Ribeiro, em regime livre.
 
Procurando dar continuidade aos pressupostos traçados aquando da sua fundação e, se possível, aprofunda-los tornando-se cada vez mais ambiciosa, em 2001, a Escola de Música de Esposende passa de uma gestão pública (Câmara Municipal de Esposende), para uma gestão privada através da transferência da sua titularidade para a Zendensino – Cooperativa de Ensino. Neste ano, assume funções de Diretor Pedagógico o prof. Carlos Pinto da Costa, funções que desempenha até aos dias de hoje.
A EME traçou, então, por missão, assegurar um ensino de qualidade, dotando os alunos de formação compatível com o grau de ensino frequentado; ser um espaço de conhecimento, cultura e criatividade; contribuir para a divulgação e promoção cultural; e potenciar o acesso ao ensino artístico aos cidadãos de Esposende, consciente do papel das artes na formação do indivíduo.
Atualmente, a EME é uma escola do ensino artístico especializado da música, oficializada e com Autonomia Pedagógica. Encontra-se sedeada na Casa da Juventude de Esposende, na Avenida Dr. Henrique Barros Lima, em Esposende.

Na EME é oferecida a possibilidade de uma aprendizagem musical completa e de qualidade. Dessa formação global da música integram as disciplinas de Instrumento (piano, violino, violoncelo, viola d’arco, guitarra, flauta transversal, clarinete, trompete, canto e bandolim), Formação Musical e Classe de Conjunto. Estas disciplinas integram os cursos de Iniciação em Música, com a possibilidade de 4 anos de estudo e o Curso Básico de Música, que compreende 5 graus de estudo. Para além destes cursos a EME estabeleceu um Protocolo de Parceria com a Câmara Municipal de Esposende no âmbito da coordenação pedagógica na área de Expressão Musical das Atividades de Enriquecimento Curricular do Ensino Pré-Escolar público de Esposende.

A EME é constituída por 22 professores e cerca de 420 alunos. Nas Atividades de Enriquecimento Curricular do Ensino Pré-escolar público a EME conta com a participação de 3 professores e cerca de 400 alunos.

A EME, no âmbito da sua atividade de promoção cultural, desenvolve em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Esposende a MusiCórdia – Temporada de Música.
Tendo como palco a Igreja da Misericórdia, edifício que remonta ao séc. XVI, classificado como Imóvel de Interesse Público, e contando com um leque diversificado de músicos e agrupamentos o evento procura levar a palco programas ecléticos que percorrem a história da música desde a Renascença até aos nossos dias.
A MusiCórdia assume-se como um espaço privilegiado para a promoção dos músicos locais, profissionais ou em processo de formação. No âmbito da sua ação esta Temporada de Música procura contribuir para o enriquecimento e diversidade da oferta cultural do concelho de Esposende e da sua área de influência; para a igual oportunidade dos indivíduos no acesso à cultura, motivando as populações para a fruição cultural.

O Coro de Pequenos Cantores de Esposende (CPCE) é uma iniciativa conjunta da Escola de Música de Esposende e da Câmara Municipal de Esposende. O projeto nasceu em Janeiro de 2010 e, após uma receção extraordinária da comunidade envolvente com a inscrição de 400 crianças, foram selecionadas 64 coralistas. Atualmente integram o CPCE cerca de 70 coralistas.
Os elementos são admitidos com idades compreendidas entre os 10 e os 15 anos de idade. Posteriormente a esta idade, os jovens são conduzidos para projetos complementares, como é exemplo o Coro Ars Vocalis. O CPCE já gravou 3 discos, integralmente compostos por obras de compositores portugueses, a maioria delas, encomendadas ou dedicadas ao coro. O último disco AETERNUM integra também o Coro Ars Vocalis.
O Coro Ars Vocalis, tem também como parceira a Câmara Municipal de Esposende e surge como projeto de continuidade do CPCE, tendo os seus coralistas idades compreendidas entre os 16 e os 24 anos. Para além dos vários concertos que realiza ao longo da temporada, em Esposende e fora do concelho, o coro gravou, para além do disco AETERNUM, o disco Mare Nostrum, com uma obra dedicada ao Mar pelo compositor Telmo Marques. Ambos os projetos têm como Diretora Coral Helena Venda Lima.
 
A Escola de Música de Esposende é uma escola que desenvolve uma função pública de Educação. Com o espírito ambicioso de levar a toda a comunidade de Esposende um contributo de formação musical, seja ao nível pedagógico, seja ao nível do desenvolvimento de ações culturais e artísticas, a EME caminha, de ano para ano, traçando esse caminho, consciente que é de uma ação sempre ambiciosa que se fazem conquistas efetivas de desenvolvimento da sociedade na qual se insere.
 
(Os contributos para a parte inicial deste texto são da autoria de António Nogueira que, gentilmente, se disponibilizou para recordar os primeiros tempos da nossa escola)